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O que é renda fixa, como e quando investir?

Renda fixa é um tipo de rentabilidade de investimentos financeiros em que o investidor sabe exatamente as regras de remuneração de um investimento financeiro antes mesmo de realizar a aplicação.

Porém, existem alguns detalhes importantes a serem considerados na hora de investir em renda fixa, que serão tratados em detalhes neste artigo.

O que é renda fixa?

Renda fixa é uma forma de remunerar agentes dispostos a oferecerem recursos financeiros em troca de uma regra de rentabilidade pré-acordada. Vale ressaltar que o que é definido em uma aplicação de renda fixa não é necessariamente a rentabilidade nominal do investimento, mas sim as regras que serão aplicadas na hora de remunerar o capital investido.

Juliano Pinheiro, em seu livro “Mercado de capitais” – ótima referência para estudo sobre o assunto –, explica que os ativos de “renda fixa” são também chamados de “ativos de dívida”. O autor ainda acrescenta:

Em sua maioria, esses títulos [ativos de renda fixa] representam promessas de pagamentos futuros de valores específicos em datas estipuladas. Geralmente, isso acontece mediante pagamentos integrais ou a vista ou em datas específicas. (PINHEIRO, 2016, p. 99-100).

[VÍDEO] O que é renda fixa?

Riscos em investimentos de renda fixa

Investimentos em renda fixa, por serem dívidas para quem emite os títulos, fazem do investidor um credor. Sendo assim, o investidor corre predominantemente os seguintes riscos na hora de investir em renda fixa:

  • Risco de crédito: possibilidade do devedor (quem emitiu o título de renda fixa) não cumprir com sua obrigação e dar calote no investidor.
  • Risco de liquidez: dificuldade de realizar a venda do ativo de renda fixa no momento desejado, seja por carência co investimento ou pela própria baixa liquidez do mercado em questão.
  • Risco de mercado: pelas flutuações nos benchmarks que baseiam a remuneração do ativo de renda fixa, que são principalmente a taxa SELIC, o CDI (cujas variações são fortemente correlacionadas com a SELIC) e o IPCA (índice oficial de inflação do Brasil).

O Fundo Garantidor de Crédito (FGC): proteção ao investidor

No Brasil, para proteger contra o risco de crédito que recai sobre os investimentos de renda fixa existe uma instituição chamada de FGC, o Fundo Garantidor de Crédito.

O Fundo Garantidor de Crédito (site oficial) é uma instituição criada com o fim de proteger o investidor de possíveis problemas de “calote” das instituições financeiras em títulos de renda fixa.

Para os investimentos cobertos pelo FGC há garantia de devolução de até R$ 250 mil reais por CPF e por instituição financeira, com limite em R$ 1 milhão. Entre as aplicações financeiras de renda fixa protegidas pelo FGC, as mais comuns são:

  • depósitos à vista (conta corrente);
  • poupança;
  • CDB e RDB;
  • letras de crédito imobiliário e letras de crédito do agronegócio (LCI e LCA);
  • letras de câmbio;
  • letras imobiliárias;
  • letras hipotecárias.

Tipos de rentabilidade de renda fixa

Existem três principais tipos de rentabilidade de investimentos de renda fixa:

  • Renda fixa prefixada: a rentabilidade já é conhecida no momento do investimento.
  • Renda fixa pós-fixada: o benchmark para a rentabilidade é conhecido, e o investimento terá sua rentabilidade atrelada a este índice, que normalmente é a taxa básica de juros de uma economia – a SELIC ou o CDI para o Brasil.
  • Renda fixa inflação – taxa real + taxa prefixada: parte da rentabilidade é atrelada a um benchmark de forma pós-fixada (normalmente o IPCA, índice oficial de inflação no Brasil), e outra parte da rentabilidade representa uma taxa real (taxa que excede a inflação) que é fixa. Por exemplo: IPCA + 6% ao ano.

Quando investir em renda fixa?

Investir em renda fixa é interessante para todos os tipos de perfis de investidores, o que irá mudar é o percentual de participação desta classe de ativos na carteira como um todo.

Para todos os perfis, um pouco de ativos de renda fixa pós-fixados geralmente é recomendado para cobrir alguns meses de despesas mensais. Constituindo, assim, a chamada reserva de emergência (ou reserva de segurança). Isso ocorre porque a renda fixa pós-fixada permite que o investidor saque seus recursos a qualquer tempo sem prejudicar sua rentabilidade, ou seja, não é preciso levar o título até o vencimento.

Para investidores ou para objetivos financeiros em que é necessário garantir que o poder de compra será mantido, então uma boa possibilidade é buscar por investimentos de renda fixa que pagam inflação mais uma taxa real.

Para investidores que querem garantir uma rentabilidade baseada na taxa SELIC ou CDI e que apostam na queda da taxa de juros, então um boa opção podem ser os títulos prefixados.

Vale ressaltar que este artigo possui caráter educativo, com o foco em transmitir os conceitos. Não é proposta deste texto fazer nenhuma recomendação de investimentos financeiros.

Como investir em renda fixa?

Para investir em ativos de renda fixa basta ter uma conta em uma corretora de valores. As corretoras possuem integração com o Tesouro Direto, permitindo investir em títulos públicos federais.

Também pelas corretoras é possível comprar títulos privados – como CDB’s, LCI’s, LCA’s e Debêntures, por exemplo –, bem como fundos de investimentos – dentre os quais existe uma grande gama de opções.

Principais investimentos de renda fixa

Entre os principais investimentos de renda fixa, e que seguem as 3 formas de rentabilidade de renda fixa apresentadas, são:

  • Certificado de Depósito Bancário (CDB): é uma espécie de empréstimo que o investidor faz ao banco.
  • Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCI e LCA): são títulos lastreados por créditos imobiliários ou do agronegócio.
  • Debêntures: são títulos que as empresas SA (abertas ou fechadas) emitem, normalmente para financiar grandes projetos dentro da organização.

Existem outros tipos de investimentos, como letras financeiras e letras de câmbio, mas todas seguem o formato de rentabilidade já apresentado.

Além disso, também é possível investir indiretamente nestes títulos de dívida via fundos de investimento. Existem fundos exclusivamente da classe “renda fixa”, que investem em títulos públicos e privados de renda fixa. Também é possível encontrar ativos de renda fixa dentro da carteira de outras classes de fundos, como nos fundos multimercado.

Conclusão: o que é renda fixa?

Este artigo mostrou em detalhes o que é renda fixa e algumas dicas que cercam esta classe de investimentos financeiros.

Investimentos de renda fixa fazem parte (ou deveriam fazer) da maior parte das carteiras de investimentos, em maior ou menor proporção, dependendo do perfil de risco do investidor e dos objetivos financeiros esperados.

De forma geral, quanto mais conservador é o investidor ou objetivos, então maior será a participação de renda fixa pós-fixada na carteira. Já se o investidor tem um foco maior em manter seu poder de compra, então aplicações de renda fixa que pagam inflação mais uma taxa fixa costumam ser mais recomendadas.

Veja que é possível até mesmo perder dinheiro na renda fixa. Uma das possibilidades de perder dinheiro ou de não ter garantida a rentabilidade esperada é vender o título de renda fixa antes do seu vencimento. Por isso, investir em renda fixa exige um alinhamento entre os prazos das aplicações e os objetivos financeiros do investidor. Veja que aplicações com prazos maiores normalmente pagam uma rentabilidade superior.

Por fim, a diversificação também possui um papel fundamental na hora de querer investir em renda fixa! São consideradas boas práticas financeiras no assunto de finanças pessoais e investimentos:

  • observar os limites do FGC;
  • e constituir uma reserva de emergência com foco em aplicações de renda fixa pós-fixada.

Referências

Pinheiro, Juliano Lima. Mercado de capitais. 8a ed. São Paulo: Atlas, 2016.