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O que é DRE – Demonstração do Resultado do Exercício?

Você sabe o que é DRE? A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é a demonstração contábil responsável por elencar a receita de vendas de uma empresa e, por meio da dedução dos custos, despesas e tributos, chegar até a apuração do lucro líquido pelo regime de competência.

A DRE – Demonstração do Resultado do Exercício – é definida no artigo 187 da Lei 6.404/76, atualizada pela Lei 11.638/07, que buscou adequar as demonstrações contábeis brasileiras aos padrões internacionais IFRS (International Financial Reporting Standard), emitidos pelo IASB (International Accounting Standards Board).

Estrutura da DRE – Demonstração do Resultado do Exercício

Resumidamente, para entender o que é DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) é preciso inicialmente compreender sua estrutura, que começa com o faturamento da empresa gerado a partir das vendas e finaliza com a apuração do lucro líquido, sendo definida da seguinte forma:

Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) completa

= Receita bruta de vendas de bens e serviços
(-) Impostos sobre as vendas
(-) Devoluções, descontos comerciais, abatimentos
= Receita líquida
(-) Custos das vendas
= Lucro bruto
(-) Despesas operacionais (administrativas, de vendas e financeiras)
= Lucro operacional
(-) Outras despesas (despesas não operacionais)
(+) Outras receitas (receitas não operacionais)
= LAIR
(-) Imposto de Renda e Contribuição Social
= Lucro depois do IR
(-) Doações e contribuições
(-) Participações
= Lucro Líquido
Reservas (reserva legal, reserva de lucros, etc)
Dividendos

A partir de agora, iremos tratar dos itens apresentados na DRE separadamente. A sugestão é que o leitor sempre volte para olhar a estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício apresentada logo acima, para que sirva como benchmark.

Receita de vendas

Inicialmente, a receita bruta indica o total das vendas ocorridas no período, isto é, representa o total oriundo das atividades-fim da empresa.

A receita líquida, por sua vez é a parcela que realmente pertence a empresa, já deduzindo impostos sobre as vendas (IPI, ICMS, ISS, PIS, Cofins, etc). Os impostos não são considerados recursos da empresa, apenas circulam por seu caixa. Além dos impostos, existem outros itens que também são deduzidos da receita bruta para se chegar à receita líquida, como é o caso das devoluções e dos descontos comerciais.

Os descontos comerciais

O desconto comercial representa uma redução no preço de custo devido à compra de grandes quantidades de um produto. Este desconto não está atrelado a um determinado evento (pagamento na data de vencimento, por exemplo). Enviar algumas unidades a mais para o cliente no seu próximo pedido como forma de retribuição por ele ser um bom pagador representa uma prática de desconto comercial, por exemplo.

Para fins tributários, e do ponto de vista da empresa, é melhor que ela opte pelo desconto comercial ao invés do financeiro, sempre que possível. Isto ocorre porque o desconto financeiro não enseja uma redução na base de cálculo dos tributos que incidem sobre as vendas, diferentemente do que ocorre no desconto comercial.

O desconto financeiro é diferente do desconto comercial.

O desconto financeiro está atrelado a um determinado evento (pagamento dentro do prazo, fidelidade). Um exemplo de desconto financeiro seria uma redução no valor a ser pago, em forma de prêmio, devido ao pagamento pontual, ou seja, dentro do prazo de vencimento definido. Outro exemplo seria um desconto referente à desindexação de um valor. Ou seja, se o pagamento for feito daqui a determinados meses o valor a ser pago incluirá um determinado percentual de juros. No entanto, se o pagamento for antecipado, os juros serão abatidos. Esta prática relfete um desconto financeiro.

Custos das vendas

Antes de chegar ao lucro bruto na DRE, é necessário deduzir da receita líquida os custos envolvidos na produção. Os custos envolvidos até tornar o produto / serviço apto para ser vendido são bastante genéricos. Este custo será especificado conforme o setor na economia:

  • para empresas industriais: Custo do Produto Vendido (CPV);
  • para empresas comerciais: Custo das Mercadorias Vendidas (CMV);
  • para empresas prestadoras de serviços: Custo dos Serviços Prestados.

O estudo dos custos é tão importante que dentro da contabilidade e na engenharia de produção há uma disciplina apenas para estudá-los!

Lucro bruto

Para que seja encontrado o lucro bruto, o primeiro lucro que aparece na Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, é necessário verificar a diferença entre a receita líquida e o custo das mercadorias / produtos vendidas (os), da seguinte forma:

= Receita bruta de vendas de bens e serviços
(-) Impostos sobre as vendas, devoluções, descontos e abatimentos
= Receita líquida
(-) Custos das vendas
= Lucro bruto

Despesas operacionais

Depois de chegar no lucro bruto é necessário deduzir as despesas operacionais, ou seja, aquelas que são as necessárias para vender os produtos, administrar a empresa e financiar as operações. Estas despesas estão relacionadas com a atividade fim da empresa!

As despesas operacionais de vendas abrangem desde a promoção do produto até sua colocação junto ao consumidor, por meio da comercialização e da distribuição. Exemplos: comissão de vendas, propaganda e publicidade, marketing.

As despesas operacionais administrativas são as necessárias para gerir, administrar, dirigir a empresa. Honorários administrativos (remunerações pagas a quem não tem vínculo empregatício), salários e encargos sociais do pessoal administrativo, aluguéis de escritórios e materiais de escritório (após consumidos) são alguns exemplos.

As despesas operacionais financeiras são remunerações ao capital de terceiros, tais como juros pagos ou incorridos (chamados de juros passivos), descontos financeiros (para estimular o devedor a quitar um débito) e juros de mora (decorrentes do atraso no pagamento de uma obrigação). Cabe ressaltar que as receitas financeiras compensam as despesas financeiras. Logo, se

    \[receita > despesa\]

, então a conta passará a ser positiva e a se chamar “receita financeira”.

Lucro operacional

A DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) deduz do lucro bruto as despesas operacionais para chegar no lucro operacional. O lucro operacional, portanto, é a parte do lucro contábil da empresa que mostra a capacidade da empresa de gerar retorno por meio das operações com sua atividade fim. Recapitulando a estrutura:

= Lucro bruto
(-) Despesas operacionais (administrativas, de vendas e financeiras)
= Lucro operacional

A diferença entre o lucro operacional e o EBIT (LAJIR)
Vale a pena ressaltar um ponto sobre o Lucro Antes de Juros e Imposto de Renda ou LAJIR (em inglês EBIT, Earnings before interest and taxes). O LAJIR (EBIT) é também chamado em alguns momentos de lucro operacional. Porém, há uma diferença entre ambos.

O lucro operacional, descrito na estrutura da DRE supracitada, inclui na dedução das “despesas operacionais” as chamadas “despesas financeiras operacionais”, que inclui, entre outros, os juros praticados nas vendas, por exemplo.

Já o EBIT, ou LAJIR, é calculado deduzindo como despesas operacionais apenas as despesas administrativas (alugueis, etc) e de vendas. As despesas financeiras (mesmo se classificadas como “operacionais”) não são consideradas para fins de cálculo do EBIT.

O LAIR e o imposto de renda (IR)

Com o lucro operacional estimado na DRE, as despesas e receitas que sobraram, as “não operacionais” – não destinadas à atividade fim da empresa –, são deduzidas para chegar ao LAIR: Lucro Antes do Imposto de Renda.

É o LAIR que será base para os cálculos de IR a pagar. Diversas outras variáveis interferem no IR, mas não é o propósito deste artigo tratar sobre isto. Além do Imposto de Renda, a empresa precisará pagar também a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL.

Com os tributos descontados é calculado o Lucro Depois do Imposto de Renda, do qual serão descontadas doações dedutíveis e as participações.

Lucro líquido

Por fim, a apuração do lucro líquido finaliza a explicação de o que é DRE – Demonstração do Resultado do Exercício. O lucro líquido é uma das variáveis mais importantes para a análise de demonstrações contábeis. É também a partir do lucro líquido que diversos indicadores contábeis / financeiros são retirados, como a Margem Líquida, ROE (Return on Equity), entre outros. Uma empresa, para ser “saudável” economicamente, precisa apresentar lucro líquido consistente e constante.

Veja como fica a continuação da DRE – Demonstração do Resultado do Exercício:
= Lucro operacional
(-) Outras despesas (despesas não operacionais)
(+) Outras receitas (receitas não operacionais)
= LAIR
(-) Imposto de Renda e Contribuição Social
= Lucro depois do IR
(-) Doações e contribuições
(-) Participações
= Lucro Líquido
Reservas (reserva legal, reserva de lucros, etc)
Dividendos

Perceba que é só depois da apuração do lucro líquido na DRE que são destinados valores para as reservas e também para os dividendos.

Conclusão: o que é DRE – Demonstração do Resultado do Exercício?

A DRE e o balanço patrimonial são as duas principais demonstrações contábeis de uma empresa. Enquanto o balanço elenca o patrimônio da organização numa espécie de “foto”, estática, a DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) mostra como ocorreu a dinâmica das vendas realizadas pela empresa em determinado exercício, deduzindo os custos e despesas, até chegar na apuração do lucro líquido.