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Teorias de liderança [1]: teoria caminho-objetivo de House

A teoria caminho-objetivo (também chamada de meta-objetivo ou ainda pelo termo original path-goal) é uma teoria de liderança que está contextualizada dentro da abordagem contigencial da Administração.

Esta teoria foi desenvolvida para reconciliar anomalias encontradas em evidências empíricas sobre o efeito das orientações dos líderes para pessoas e das orientações para tarefas em relação à satisfação e desempenho dos seus subordinados (HOUSE, 1996).

Na sua versão inicial, a função motivacional do líder consiste em aumentar as recompensas pessoais aos subordinados que atingirem metas de trabalho, bem como tornar o caminho para o alcance destas metas mais fácil, reduzindo os obstáculos e armadilhas e proporcionando mais oportunidades para o aumento da satisfação pessoal dos subordinados.

O líder deverá primeiro assegurar que os subordinados compreendam como atingir os objetivos (propostos pelo líder). Depois,  o líder deverá proporcionar condições para que os subordinados cheguem aos seus próprios objetivos pessoais nesse processo.

A tarefa do líder é, então, diagnosticar a função do ambiente e selecionar aqueles comportamentos que assegurarão que os subordinados estejam motivados ao máximo no sentido dos objetivos organizacionais.

Segundo essa teoria, os subordinados se sentirão cada vez mais motivados com o comportamento do líder, na medida em que esse mesmo comportamento comprovar, de forma objetiva, que traz uma contribuição decisiva em favor do atendimento das expectativas desses liderados.

Os líderes devem aumentar o número e os tipos de recompensas aos subordinados e proporcionar orientação e aconselhamento para mostrar como as recompensas podem ser obtidas. 

A versão inicial da teoria possui algumas premissas implícitas, conforme House (1996):

  • os indivíduos escolhem o nível de esforço que irão dedicar as suas tarefas com base no nível de recompensas que eles esperam receber como resultado de seus esforços; 
  • as premissas de valência e expectância são adequadas e importantes para a motivação dos indivíduos; 
  • a teoria da valência-expectância de Vroom (ou simplesmente “Teoria das Expectativas de Vroom” assume que os indivíduos calculam conscientemente os resultados do trabalho em relação ao nível de esforço aplicado e que estes indivíduos estão cientes da quantidade de esforço que deve ser empenhado para alcançar os objetivos propostos pelo líder.

O líder deve ajudar os subordinados a terem expectativas realistas e a reduzir as barreiras que impedem o alcance das metas.

A teoria caminho-objetivo de House propõe quatro estilos de comportamento (HOUSE; MITCHELL, 1974):

  • diretivo: o líder dá a direção de como as tarefas devem ser realizadas, buscando estruturar as tarefas para os subordinados e comunicar o que se espera deles, esclarecendo políticas, regras e procedimentos.  É um estilo similar ao da estrutura de iniciação do Ohio State Leadership Studies;
  • de apoio: esse estilo envolve demonstrar interesse pela satisfação das necessidades e preferências dos subordinados. O líder deve mostrar-se preocupado com os subordinados e deve também trabalhar em prol do desenvolvimento de um ambiente amigável de trabalho. É similar ao estilo de consideração do Ohio State Leadership Studies
  • participativo: é um estilo que envolve consultar os subordinados e encorajá-los na participação das tomadas de decisões da organização; 
  • de realização: envolve encorajar a excelência na performance, incluindo a fixação de metas desafiadoras e a busca por padrões de alto desempenho.

Conclusões

A teoria do caminho/objetivo (HOUSE; MITCHELL, 1974) é uma teoria da contingência mais complexa que a de Fiedler, postulando que o desempenho do subordinado e sua satisfação no trabalho resultam da inter-relação de características situacionais, características do subordinado e estilo do supervisor.

A ideia subjacente, que se fundamenta na teoria da expectativa, é que o supervisor pode melhorar a motivação e a satisfação dos subordinados proporcionando recompensas pelo bom desempenho e facilitando para eles atingirem suas metas. Os líderes podem fazer isso adotando um dentre os quatro estilos de liderança (diretivo, de apoio, participativo e de realização), cuja eficácia é determinada pelas características situacionais e do subordinado.

House (1996, p. 348) apresenta uma reformulação da teoria, a qual, embora mais ampla do que a teoria caminho-objetivo original, permanece um pouco limitada em escopo (palavras do próprio autor). Esta não diz respeito à liderança emergente-informal, a qual afeta vários níveis de gerentes e subordinados nas organizações, o comportamento político de líderes, liderança estratégica das organizações, entre outros.

Exemplos de questões


1) CESPE – 2014 – ICMBIO – Analista Administrativo. Acerca da gestão de pessoas nas organizações, julgue os itens a seguir.

Mostrar respeito e consideração pelo bem-estar e necessidades dos liderados, atuar com cordialidade para construir um clima amistoso são características de um líder que demonstra comportamento de apoio, conforme a teoria caminho-objetivo

Certo ou Errado?



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CERTO
. A afirmação aborda exatamente o conceito de líder de apoio, de acordo com a teoria caminho-objetivo. Neste comportamento o líder deve mostrar-se preocupado com os subordinados e deve também trabalhar em prol do desenvolvimento de um ambiente amigável de trabalho.

2) FCC – 2013 – TRT-SC – Analista Judiciário. O conceito de caminho-objetivo para liderança concentra- se em vários tipos de comportamento do líder e de fatores:

a) ambientais

b) situacionais

c) fisiológicos

d) financeiros

e) ergonômicos



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Letra B
. Como comentado no texto, nesta teoria o desempenho do subordinado e sua satisfação no trabalho resultam da inter-relação de características situacionais, características do subordinado e estilo do supervisor.

Referências

House, R. J., & Mitchell, T. R. (1974). Path-goal theory of leadership. Journal of Contemporary Business, 3(4), 81–92.
House, R. J. (1996). Path-goal theory of leadership: Lessons, legacy, and a reformulated theory. The Leadership Quarterly, 7(3), 323–352.