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O que é EBITDA (ou LAJIDA)? Cálculo e conceito

O EBITDA é um indicador financeiro muito utilizado para avaliar empresas. É usado principalmente para auxiliar a decisão de compra de ações em estratégias de médio/longo prazo, em valuation e em M&A (Mergers and Acquisitions). Neste artigo você vai entender em detalhes o que é EBTIDA, sigla para Earnings Before Taxes, Interests, Depreciation and Amortization; ou em português: LAJIDA, Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização.

O que é EBITDA (ou LAJIDA, em português)?

EBITDA é um tipo de lucro, calculado a partir da DRE (demonstração contábil que apura o lucro líquido), que serve para mostrar a capacidade de uma empresa de gerar caixa (dinheiro) a partir de suas atividades fins – contabilmente chamadas de atividades operacionais.

Contudo, o EBITDA não leva em conta efeitos financeiros de dívidas, e nem mesmo impactos de depreciação. Por isso, o EBITDA é diferente do lucro operacional (considera depreciação e despesas financeiras) e do EBIT (desconsidera despesas financeiras, mas leva em conta depreciação).

O termo em inglês vem de Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization; em português EBITDA é o mesmo que LAJIDA, ou Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização.

O EBITDA mostra o quanto do resultado econômico da empresa é consumido pelas despesas financeiras que a empresa se expõem.

Por que o EBITDA é tão popular em análises financeiras?

Em palavras simples, deixando o financês de lado, o EBITDA é tão popular porque é uma forma de ver o quanto a empresa é capaz de gerar dinheiro com aquilo que ela sabe fazer de melhor.

Veja no caso da BRF (dona das marcas Sadia e Perdigão), o EBITDA vai dizer se a empresa é capaz de gerar caixa (dinheiro) com a produção de salsicha, presunto, coxinha de frango, pernil de porco, e tantos outros produtos que fazem parte do core business da BRF.

Aproveitando este exemplo, a BRF surgiu a partir de um anúncio feito em 2009 de que haveria uma fusão entre as empresas Sadia e Perdigão. Um dos pontos mais relevantes que motivou o início desta negociação foi o fato de a Sadia ter amargado um prejuízo de mais de R$ 760 milhões por ter se aventurado no mercado de derivativos, ou seja, naquilo que não era seu core business.

Isso fez com que a Sadia tivesse um prejuízo movido por despesas financeiras, e não pela parte operacional da sua DRE. É aí que entra o EBTIDA.

Veja, se uma empresa A está com a parte financeira complementamente comprometida (altas despesas financeiras com empréstimos e financiamentos), mas possui um bom resultado operacional, então ela pode representar uma boa opção de compra (no caso de fusões e aquisições). Uma empresa B, que consiga resolver os problemas financeiros da empresa A, pode ter grande interesse em uma oportunidade como essa para adquirir sua concorrente.

Essa oportunidade poderá ser percebida olhando para o EBITDA e para o resultado líquido da companhia. Veja a seguir os dados de EBITDA e resultado líquido da Sadia de 2006 a 2008, seguindo no mesmo exemplo já citado, com o fim de trazer este tema do EBITDA para um campo mais prático:

Resultados da antiga Sadia (milhões de Reais) 2006 2007 2008
EBITDA 658,4 1.172,4 1.164,2
Resultado Líquido 376,6 768,3 -2.484,8

Veja na tabela que o EBITDA da Sadia se manteve praticamente o mesmo de 2007 para 2008. Porém, o Resultado Líquido (lucro, se positivo; prejuízo, se negativo) reduziu drasticamente, levando a companhia a ter seu primeiro prejuízo da história.

Esse caso foi clássico no mercado de ações brasileiro. O resultado de tudo isso foi a quebra da Sadia e a fusão com a Perdigão, formando a BRF.

Lucro Operacional, EBIT e EBITDA (LAJIR E LAJIDA)

Estes três termos (Lucro Operacional, EBIT e EBITDA) estão muito relacionados, mas possuem sutis diferenças. Vamos ver as peculiaridades de cada um.

Lucro Operacional

Pela nossa Lei das SA's ( Lei 6.404 ), o lucro operacional é resultado da receita líquida subtraída das despesas operacionais.

O ponto X de toda essa confusão de terminologia entre lucro operacional, EBIT e EBITDA começa aqui.

Na Lei das SA's as despesas operacionais para as companhias brasileiras incluem despesas de vendas, administrativas e financeiras. Por isso, é assim também que é ensinado nas universidades e nos livros de finanças nacionais.

Veja um trecho da referida lei, onde a estrutura da DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) vai sendo explicada:

Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará:
I – a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos;
II – a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto;
III – as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;
IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas;

EBIT ou LAJIR

O lucro operacional, descrito na estrutura da DRE, inclui na dedução das “despesas operacionais” as chamadas “despesas financeiras operacionais”, que incluem, entre outros, os juros praticados nas vendas, por exemplo.

Já o EBIT, ou LAJIR, é calculado deduzindo como despesas operacionais apenas as despesas administrativas (alugueis, parte das despesas com pessoal, etc) e de vendas. As despesas financeiras (mesmo se classificadas como “operacionais” pela nossa legislação) não são consideradas para fins de cálculo do EBIT.

O EBIT é muito usado como indicador de lucro operacional para fins de análises.

EBITDA ou LAJIDA

O EBIT já é um ótimo indicador para fins de análise da capacidade operacional das empresas. Porém, para alguns casos pode ser muito relevante desconsiderarmos os efeitos da Depreciação e Amortização, que já são incluídas parte no cálculo do Custo das Vendas (CMV ou CPV, dependendo da empresa); e parte nos cálculos das despesas operacionais.

Portanto, para chegarmos no EBITDA precisamos somar ao EBIT os valores de Depreciação e Amortização.

Como calcular o EBITDA (ou LAJIDA)

A fórmula para o cálculo do EBITDA é a parte menos importante. O mais relevante é compreender a ideia conceitual de o que é o EBITDA, e não ficar preso à fórmula em si. Mas, veja como fica a definição do EBITDA:

    \[  EBITDA = \ \text{LUCRO OP.} + \text{DESP. FIN.} + \ \text{DEPREC. E AMORT.} \]

Ou ainda, EBITDA = EBIT + \text{DEPREC. E AMORT.}, se partirmos do EBIT.

Para ficar ainda mais claro, veja passo a passo, olhando do ponto de vista da Demonstração de Resultado do Exercício, a DRE, como conseguimos chegar até o EBITDA:

= Receita bruta de vendas de bens e serviços
(-) Impostos sobre as vendas
(-) Devoluções, descontos comerciais, abatimentos
= Receita líquida
(-) Custos das vendas
= Lucro bruto
(-) Despesas operacionais (administrativas, de vendas e financeiras)
= Lucro operacional
(+) Despesas financeiras
= EBIT
(+) Depreciação e Amortização
= EBITDA

Indicadores financeiros que usam o EBITDA

Margem EBITDA ou Margem LAJIDA

A Margem EBITDA é um indicador de lucratividade que mede a eficiência operacional por meio de qual o percentual que o EBITDA representa das Vendas Líquidas (ou Receita Líquida) da companhia.

    \[ Margem_{EBITDA} = \frac{EBITDA}{\text{Vendas Líquidas}} \]

EV/EBITDA

O EV/EBITDA é um indicador financeiro múltiplo que relaciona o valor da empresa (incluindo ações e dívidas) com o seu resultado operacional medido pelo EBITDA. Este indicador aponta o tempo de retorno (medido em anos, quando se usa as demonstrações na periodicidade anual) para se ter de volta o investimento feito na ação.

O EV, Entreprise Value, é representado pelo Valor de Mercado somado ao Endividamento Bancário Líquido.

Conclusões: o que é EBITDA (ou LAJIDA)

Este artigo mostrou o que é EBITDA (ou LAJIDA, em português), a forma de calcular e o conceito. O LAJIDA (Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação) é uma forma de mensurar o resultado operacional da empresa, não para cumprir os termos legais da Lei das SA's, mas sim para fins analíticos.

O EBITDA (Earnings Before Taxes, Interests, Depreciation and Amortization) desconsidera os efeitos das despesas financeiras e também da depreciação e amortização, que são exigências contábeis/legais, mas não geram desembolso de caixa na prática.

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