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Posicionamento estrutural do órgão de O&M na organização

Organização e Métodos (doravante O&M), conforme explica Cury (2005), é uma das funções especializadas de administração e uma das principais responsáveis pela modelagem da empresa. O termo Organização, neste sentido, refere-se à institucionalização de uma infra-estrutura compatível com os propósitos do empreendimento. O termo Métodos, por sua vez, refere-se à definição dos métodos e processos de trabalho, imprescindíveis para o alcance da efetividade organizacional. Resumidamente, a função de O&M é responsável por modelar tanto a estrutura organizacional – representada graficamente pelo organograma – quanto os processos e métodos de trabalho.
Dentro da organização, a função de O&M será executada pelo Analista de O&M, principal conhecedor da estrutura organizacional. Inicialmente este analista baseava-se na abordagem estruturalista da administração – Teoria da Burocracia e Teoria Estruturalista. Contudo, atualmente a ênfase é dada na Teoria da Contingência, embasada na ideia de visão holística, na qual o analista compreende a organização com um todo interdependente e não como partes isoladas. Neste contexto entende-se que o todo organizacional representa mais do que a soma das partes (CURY, 2005).
Cury (2005) expõe que este enfoque recebeu influência, entre outros, da obra de Thompson, na qual a organização é vista como um sistema aberto, inserido em um ambiente complexo. Esta complexidade gera incertezas, que por sua vez comprometem a racionalidade dos agentes. Para que fosse possível obter uma racionalidade plena seria necessário um sistema fechado, no qual não existissem incertezas. No entanto, isto não é observável nas organizações, pois o ambiente no qual estas estão inseridas é uma das fontes básicas de incertezas.
Para que a organização possa atingir a efetividade, Cury (2005) afirma que a empresa deve ter condições para atuar nos três cenários que compõem uma organização complexa. Os cenários são:
  1. Institucional, cujos principais indicadores organizacionais são:
    • áreas de políticas e estratégias;
    • elementos-chave que determinam respostas aos impactos ambientais;
    • forças-chave dos ambientes interno e externo, entre outros;
  2. Processos organizacionais, cujos principais indicadores organizacionais são:
    • processo decisório;
    • centralização vs descentralização;
    • relações gerenciais;
    • cultura organizacional;
    • burocracia vs adhocracia;
    • introdução de novas tecnologias;
    • enfoque no sistema aberto, entre outros;
  3. Processos e métodos de trabalho, cujos principais indicadores organizacionais são:
    • estudos de tempos e movimentos;
    • análise e racionalização do trabalho;
    • fluxogramas;
    • projetos de layout;
    • formulários: análise e delineamento;
    • comunicações administrativas;
    • quadro de distribuição do trabalho, entre outros.
Atualmente, entende-se que a área de O&M deve possuir enfoque na abordagem sistêmica, que considere tanto seu sentido vertical de atuação como seu sentido horizontal.  Neste sistema as unidades não devem ter subordinação hierárquica de um órgão central, mas sim receber orientações técnicas, normativas, de coordenação, avaliação e controle de tal órgão. O órgão de O&M é um destes órgãos centrais. Na visão de Cury (2006) o órgão de O&M deve aparecer na organização como um órgão de linha, que deve desenvolver a execução de todas as atividades de O&M necessárias, podendo inclusive coordenar e controlar as atividades porventura descentralizadas aos demais órgão da empresa. Contudo, o órgão de O&M pode também aparecer na estrutura como staff, cujo papel possui foco no assessoramento, normalização, coordenação e controle, deixando a execução das atividades descentralizada pelas unidades (CURY, 2005).
Cury (2005) ainda propõe que a organização utilize a estrutura matricial, a qual possibilita o desenvolvimento de diversos projetos ao mesmo tempo, podendo incluir inclusive um único profissional em mais de um projeto.

Atividades de um órgão contemporâneo de O&M

O órgão de O&M exige, naturalmente, o desenvolvimento de atividades complexas em relação as suas funções. Além disso, as organizações de forma geral estão inseridas em contextos de alta complexidade. Dessa forma, Cury (2005, p. 143) defende que as principais atividades a serem desenvolvidas pelo órgão de O&M devem ser:

  1. Assessorar a administração estratégica, contando com a efetiva participação das gerências setoriais envolvidas, com o propósito de definir políticas, estratégias e diretrizes gerais da organização, bem como buscar viabilizar a modelarem organizacional e procurar a manutenção permanente do feedback.
  2. Desenvolver projetos de intervenções organizacionais, por intermédio da análise administrativa, visando identificar problemas, suas causas, com o propósito de estudar e propor a implementação de mudanças indispensáveis à efetividade organizacional. Neste sentido, as atividades do órgão de O&M poderão abranger, entre outros,
    •  os centros de tomadas de decisões, 
    • a padronização de relações gerenciais, com ênfase nas relações horizontais, 
    • a implantação de novas tecnologias, como o controle total de qualidade, índices de produtividade, terceirização e benchmarking,
    • racionalização dos sistemas, rotinas e fluxos de trabalho,
    • análise da distribuição de trabalho,
    • estudos de tempos e movimentos,
    • elaboração de instrumentos de comunicações administrativas, como regulamentos, diretrizes, regimentos internos, normas, instruções e afins.

Referências

Cury, A. (2005). Organização e Métodos: uma visão holística (p. 600). São Paulo: Atlas.